Era uma moça que de alguma forma eu conhecia. Ela era gentil comigo e carinhosa, como se me conhecesse a longo tempo. Eu apertei o nariz dela, como faço com as pessoas mais íntimas, com o indicador e o maior de todos. Notei que alguma coisa a angustiava. Ela mirou em meus olhos e disse que eu era uma pessoa magnífica, enquanto eu fazia esforço mental e até mesmo balançava a cabeça para dizer que eu não era. Mas ela continuou me descrevendo:
- Você é honesto, inteligente, modesto, gentil, carinhoso quando conhece bem uma pessoa, atencioso...
Falou de uma série de outras qualidades que, no fim das contas, apesar de às vezes querer crer que não sou nada daquilo, tive que admitir. Porque ela citou apenas as melhores qualidades que independem do que as pessoas normais veêm em mim. Qualidades que fazem parte da minha personalidade.
Falou como alguém que estivesse querendo dizer que adoraria estar perto de mim. E ao mesmo tempo como se estivesse querendo dizer que meu tempo se esgota ao lado dela. Ou eu, ou ela tem que partir.
Me beijou e disse que sempre quis que eu soubesse quem ela era, enquanto sua fisionomia mudou completamente. Ainda assim, continuei sem saber se a conhecia, mas com a intuição de que ela me ronda, enquanto tenta se livrar um outro ser, obsessor dela.
Quando o vi e tentei tomar satisfações, fui puxado de volta pelo fantasma da realidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário