quarta-feira, 6 de abril de 2011

E se o tempo voltasse...

Notícias: O músico Alcinei Ferreira Gomes, de 19 anos, acusado de matar a mãe, Maria Lita Gomes da Silveira, 41, e o irmão, Alen Luiz Gomes da Silva, 13, além de ferir o pai Sildonor Ferreira da Silva, afirmou ter praticado o assassinato após discussão com a família. Os pais e o irmão não aceitavam o fato dele ser homossexual. O homicídio aconteceu na noite de ontem (05), na residência da família, localizada na rua J, bairro São José 3, zona Leste de Manaus.
O acusado apresentou-se espontaneamente à Polícia, na noite desta terça-feira.
Segundo o titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), Mariolino Brito, o homem confessou a autoria e a motivação para o duplo homicídio. A policia não descarta a possibilidade do crime ter sido premeditado.

Era o que comentava uma das companheiras de trabalho assim que cheguei hoje. Nem liguei, coisas assim acontecem todo dia.
Lembro-me de ter entrado na loja e ter falado sobre a mangueira de nível. Ao mesmo tempo o Beto brincava dizendo prefirir uma mangueira maior e mais larga. O senhor, que era dono da Loja de Materiais de Construção mostrou um tipo e eu pedi dez metros. Virei e perguntei pro Beto se era suficiente e ele afirmou que sim. Quando voltei a olhar o homem, ele já estava me entregando uma sacola com a mangueira.
- Mas já? Não precisa medir e cortar?
- Não, não. Esse pedaço já tem 10 metros.
- Ooolha! Eu vou medir quando chegar na obra hein! A gente vai medir na trena...
- Rsrs. Pode medir, eu tenho certeza.
Lembro-me de ter ido pagar no caixa. Era um local simples e havia uma mulher aparentemente mal-humorada atendendo. Ela não falou nada. Não tenho certeza, mas lembro-me de que havia mais duas pessoas no estabelecimento. Enfim, foi uma compra normal.
Noutra hora do dia de hoje alguém mais me perguntou se eu havia visto no jornal escrito a notícia do cara que matou a família. Eu nem sequer havia tido tempo pra ler jornais hoje cedo. Foi mais um dia em que muitos na empresa estavam preocupados em acertar tudo para a auditoria.
Mais tarde, quando fui deixar o vale transporte do pessoal do Posto de Saúde onde o Beto é apontador da obra, ele mesmo me lembrou que compramos num material de construção ali de perto. E me explicou que a notícia do jornal que muitos na cidade estavam comentando era justamente sobre as pessoas que conhecemos no dia anterior. Fiquei pensando: não acredito que pessoas com quem estivemos conversando foram mortas cerca de duas horas depois. Acho até que uma delas era o assassino.
Se eu soubesse... se eu pudesse voltar um dia no tempo... eu teria dito algo... qualquer coisa que os fizesse pensar diferente... que os fizesse tentar se entenderem sem chegarem a tamanho conflito.
Ainda que não seja minha culpa e que é algo que não está em minhas mãos uma possível solução, desejei mesmo ter o poder para interferir nas leis naturais da vida hoje. Eu tentaria evitar um fato como esse.

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